quinta-feira

Basta que o homem precise dela

"Apetecia-me responder-lhe que nesse almoço ignominioso só se falara de Emerson, de Ibsen, de Tolstoi, e que a moça tinha feito um sermão a Robert para só beber água. Para tentar levar algum bálsamo a Robert, cujo orgulho julgava ferido, procurei desculpar a amante. Não sabia que naquele momento, apesar da sua cólera contra ela, era a si próprio que censurava. Mesmo nas querelas entre um homem bom e uma mulher má, e quando a razão está toda de um lado, acontece sempre que há uma ninharia qualquer que pode conferir à mulher a aparência de não estar errada num ponto. E como a mulher põe de lado todos os outros pontos, basta que o homem precise dela e esteja desmoralizado pela separação para que o seu enfraquecimento o torne escrupuloso, para se recordar das censuras absurdas que lhe foram feitas e perguntar a si mesmo se não terão algum fundamento."




Sem comentários: